quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Os apoios pós-incêndios

Salvaguardadas as vidas humanas e os bens das populações atingidas pelos incêndios rurais, pagas as indemnizações por habitações e haveres destruídos, apoiados os agricultores e os produtores pecuários, aguardam-se ainda medidas de apoio aos povoamentos florestais ardidos.


No que respeita às medidas de apoio às florestas, aguardam-se, desde logo, uma forte intervenção no combate à especulação e a um adequado escoamento de madeira ardida. A público ainda não se vislumbrou qualquer anúncio neste domínio. É certo que o final da época de incêndios, infelizmente, ainda tarda, mas seria oportuno vislumbrar-se alguma potencial intervenção no pós-incêndios associado efetivamente às florestas.

Depois das populações rurais, os incêndios em povoamentos florestais causam fortes prejuízos aos seus detentores, desde logo, pelos oportunismos que a catástrofe gera.

Assim, urge uma intervenção do Governo na criação de instrumentos que penalizem a especulação associada ao comércio de madeira ardida, bem como na definição de apoios para uma controlada disponibilização da oferta deste produto, por forma a exercer um adequado controlo sobre os preços, evitando uma disponibilização descontrolada do produto no mercado, sempre associado a quedas abruptas nos rendimentos dos produtores florestais.

Em simultâneo, importa acautelar os efeitos nefastos decorrentes dos incêndios, quer sobre os solos, quer sobre os recursos hídricos, a flora e a fauna.

Sequencialmente, há que disponibilizar apoio técnico e comercial para os adequados investimentos de recuperação de áreas ardidas, seja na reflorestação, considerando desejáveis variantes,  ou para outros usos. Nas várias situações, ao contrário do passado, as opções devem ser justificadas através de análises de rentabilidade e de risco (ambiental, social, de mercado), não apenas num mero enquadramento legal e numa superficial analise técnica.

Neste domínio, é de estranhar a aparente pouca preocupação das organizações de produtores florestais no escoamento dos produtos dos que representam, bem assim, no rendimento dos mesmos, atento ao que tem vindo a público. Infelizmente, a tradição associa estas organizações, embora com honrosas exceções, mais a ações no domínio do fomento florestal, com resultados muito discutíveis, mas muito pouco na comercialização de bens e de serviços produzidos nas explorações dos que representam. Neste domínio, pelo contrário, é recorrente a preocupação da procura e dos intermediários. Talvez seja a altura das organizações nacionais analisarem o trabalho das suas congéneres do sul da Europa neste domínio, seja no decurso de incêndios ou de intempéries.


Histórico de 2003 e de 2005:




Paulo Pimenta de Castro

Presidente da Direção da Acréscimo, Associação de Promoção ao Investimento Florestal