Salvaguardadas as vidas humanas e os bens das populações
atingidas pelos incêndios rurais, pagas as indemnizações por habitações e
haveres destruídos, apoiados os agricultores e os produtores pecuários, aguardam-se
ainda medidas de apoio aos povoamentos florestais ardidos.
No que respeita às medidas de apoio às florestas,
aguardam-se, desde logo, uma forte intervenção no combate à especulação e a um
adequado escoamento de madeira ardida. A público ainda não se vislumbrou
qualquer anúncio neste domínio. É certo que o final da época de incêndios,
infelizmente, ainda tarda, mas seria oportuno vislumbrar-se alguma potencial
intervenção no pós-incêndios associado efetivamente às florestas.
Depois das populações rurais, os incêndios em povoamentos
florestais causam fortes prejuízos aos seus detentores, desde logo, pelos
oportunismos que a catástrofe gera.
Assim, urge uma intervenção do Governo na criação de instrumentos
que penalizem a especulação associada ao comércio de madeira ardida, bem como
na definição de apoios para uma controlada disponibilização da oferta deste
produto, por forma a exercer um adequado controlo sobre os preços, evitando uma
disponibilização descontrolada do produto no mercado, sempre associado a quedas
abruptas nos rendimentos dos produtores florestais.
Em simultâneo, importa acautelar os efeitos nefastos decorrentes
dos incêndios, quer sobre os solos, quer sobre os recursos hídricos, a flora e
a fauna.
Sequencialmente, há que disponibilizar apoio técnico e
comercial para os adequados investimentos de recuperação de áreas ardidas, seja
na reflorestação, considerando desejáveis variantes, ou para outros usos. Nas várias situações, ao contrário do passado,
as opções devem ser justificadas através de análises de rentabilidade e de risco (ambiental, social, de mercado), não apenas num mero enquadramento
legal e numa superficial analise técnica.
Neste domínio, é de estranhar a aparente pouca
preocupação das organizações de produtores florestais no escoamento dos
produtos dos que representam, bem assim, no rendimento dos mesmos, atento ao que tem vindo a público.
Infelizmente, a tradição associa estas organizações, embora com honrosas exceções, mais a
ações no domínio do fomento florestal, com resultados muito discutíveis, mas
muito pouco na comercialização de bens e de serviços produzidos nas explorações
dos que representam. Neste domínio, pelo contrário, é recorrente a preocupação
da procura e dos intermediários. Talvez seja a altura das organizações
nacionais analisarem o trabalho das suas congéneres do sul da Europa neste
domínio, seja no decurso de incêndios ou de intempéries.
Histórico de 2003 e de 2005:
Paulo
Pimenta de Castro
Presidente
da Direção da Acréscimo, Associação de Promoção ao Investimento Florestal
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