domingo, 27 de maio de 2018

Bosques peri-urbanos


As "florestas" e bosques peri-urbanos são ecossistemas complexos que se complicam ainda mais pela presença humana.

Devido a esta e à segurança que se lhe exige, a condução técnica destes bosques deve ser exercida por técnicos qualificados, como aliás deveriam ser todos os ecossistemas florestais, mas estes por maioria de razão.

Devido a serem peri-urbanos faz com que o risco de incêndio seja superior, por incúria, por desleixo e por actos criminosos.


O interface urbano/rural como todas as zonas de fronteira são locais de potenciais conflitos sempre maus, para ambas as partes.

Os efeitos do pólen sobre a saúde humana é um factor que tem de ser levado em linha de conta, mas também algumas pragas florestais podem trazer preocupação como por exemplo a processionária do pinheiro (Thaumetopoea pityocampa Schiff.).

As agressões sobre as árvores são constantes e indesejáveis, desde o canivete do apaixonado, que grava na casca da árvore o nome da pessoa amada, abrindo feridas que podem chegar ao câmbio vascular, ás camas de rede que se prendem, aos pregos para pendurar todo o tipo de "tralhas" (cartazes, bandeiras, avisos etc). Os cães abandonados que se podem tornar silvestres, são um risco acrescido a merecer da parte dos responsáveis, a mais cuidada atenção.

As alterações antropomórficas sobre estes ecossistemas podem levar mesmo à sua destruição; o lixo e toda a espécie de resíduos tão lamentavelmente ligados à presença humana, requer da parte dos responsáveis pelos espaços, recursos e meios para a sua remoção que poderão ser elevados, dependendo da frequência com que esta se processa e dos volumes e perigosidade em causa.

Existe ainda um factor, poucas vezes falado, mas que a nossa experiência nos tem demonstrado não ser despiciente; eu chamo-lhe "o síndrome de posse", isto é, a posse que certas franjas da população assumem perante determinados locais que são públicos, logo pertença de todos, que às vezes assumem carácter obsessivo.

Sem querer ser exaustivo, repito o que foi já dito por muitos: os espaços florestais devem ser utilizados pelas pessoas, numa óptica de uso múltiplo das florestas esperando-se destas o respeito e o cuidado que estes espaços merecem, para serem utilizados por muitos e serem fruídos por todos.

Hélder Joia da Silva

Engenheiro Silvicultor



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