As "florestas" e bosques peri-urbanos são ecossistemas complexos
que se complicam ainda mais pela presença humana.
Devido a esta e à segurança que se lhe exige, a condução técnica destes
bosques deve ser exercida por técnicos qualificados, como aliás deveriam ser
todos os ecossistemas florestais, mas estes por maioria de razão.
Devido a serem peri-urbanos faz com que o risco de incêndio seja superior,
por incúria, por desleixo e por actos criminosos.
O interface urbano/rural como todas as zonas de fronteira são locais de
potenciais conflitos sempre maus, para ambas as partes.
Os efeitos do pólen sobre a saúde humana é um factor que tem de ser levado
em linha de conta, mas também algumas pragas florestais podem trazer
preocupação como por exemplo a processionária do pinheiro (Thaumetopoea pityocampa Schiff.).
As agressões sobre as árvores são constantes e indesejáveis, desde o
canivete do apaixonado, que grava na casca da árvore o nome da pessoa amada,
abrindo feridas que podem chegar ao câmbio vascular, ás camas de rede que
se prendem, aos pregos para pendurar todo o tipo de "tralhas"
(cartazes, bandeiras, avisos etc). Os cães abandonados que se podem tornar
silvestres, são um risco acrescido a merecer da parte dos responsáveis, a mais
cuidada atenção.
As alterações antropomórficas sobre estes ecossistemas podem levar mesmo à
sua destruição; o lixo e toda a espécie de resíduos tão lamentavelmente ligados
à presença humana, requer da parte dos responsáveis pelos espaços, recursos e
meios para a sua remoção que poderão ser elevados, dependendo da frequência com
que esta se processa e dos volumes e perigosidade em causa.
Existe ainda um factor, poucas vezes falado, mas que a nossa experiência
nos tem demonstrado não ser despiciente; eu chamo-lhe "o síndrome de
posse", isto é, a posse que certas franjas da população assumem perante
determinados locais que são públicos, logo pertença de todos, que às vezes
assumem carácter obsessivo.
Sem querer ser exaustivo, repito o que foi já dito por muitos: os espaços
florestais devem ser utilizados pelas pessoas, numa óptica de uso múltiplo das
florestas esperando-se destas o respeito e o cuidado que estes espaços merecem,
para serem utilizados por muitos e serem fruídos por todos.
Hélder Joia da Silva
Engenheiro Silvicultor
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