Em nome da floresta em Portugal, entre 1990 e 2015:
- Foram disponibilizados mais de mil milhões de Euros de
apoio ao investimento nestes espaços e estão anunciados mais 540 milhões de
Euros até 2020;
- Muitas empresas de prestação de serviços silvícolas foram
constituídas, embora um número significativo delas tenha desaparecido com a
descida nos níveis de apoio dos fundos públicos;
- Muitas organizações de produtores florestais foram
criadas, tendo por objeto a defesa dos interesses dos proprietários florestais,
num País com 98,4% dos espaços florestais na posse de privados e de comunidades
rurais;
- Uma Lei de Bases foi aprovada por unanimidade no
Parlamento, em 1996, embora não tenha sido concluída a sua regulamentação;
- O País assumiu o quarto lugar no ranking mundial de área de plantações de eucalipto;
- No sector industrial de base florestal registou-se um
significativo aumento da capacidade instalada, assim como um processo de
concentração nas principais fileiras silvo-industriais;
- As exportações assumiram destaque nos últimos anos de
crise, destacando-se aqui o sector da pasta e papel e das pellets energéticas.
- Muitas corporações de bombeiros foram equipadas para o
combate aos incêndios, o peso político da Proteção Civil cresceu
exponencialmente, aeronaves foram adquiridas e muitas outras foram contratadas;
Todavia:
As florestas em Portugal, neste quarto de século,
prosseguem num declínio progressivo e sem sinais de abrandamento, com um ritmo
de perda anual de cerca de 10 mil hectares (similar ao da área da cidade de
Lisboa).
O peso económico da floresta diminuiu consideravelmente,
o Valor Acrescentado Bruto da silvicultura no VAB nacional era de 1,2% em 1990,
para 2015 estima-se em 0,6%.
O rendimento dos proprietários florestais decresceu
significativamente, em 2015 com um valor muito aquém do registado em 2000.
O êxodo rural está longe de ser contido, a imigração
acentuou-se nos anos mais recentes, as consequências são visíveis no despovoamento
do interior, na gestão do território, no avanço da desertificação, na
facilidade de propagação dos incêndios e na proliferação de pragas e de doenças
A concentração na indústria acentuou o funcionamento dos mercados
em concorrência imperfeita. O emprego neste sector contraiu significativamente,
assim como o seu peso no Produto Interno Bruto.
O aumento do valor bruto das exportações coincidiu com o
aumento considerável das emissões de CO2 no país, assim como merece
especial destaque o aumento dos casos de poluição, aqui com destaque para a
indústria de base florestal.
Será que foi mesmo em nome da floresta?
Paulo
Pimenta de Castro
Presidente
da Direção da Acréscimo, Associação de Promoção do Investimento Florestal
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