Sendo em
parte um fenómeno natural, o facto é que o Estado, por acção e inacção,
incrementa por si só o fenómeno dos incêndios.
Com efeito,
atente-se ao histórico das últimas décadas só em matéria de politica florestal.
Aprovaram-se
leis, desrespeitaram-se sistematicamente as leis.
Definiram-se
estratégias, engavetaram-se estratégias.
Elaboraram-se
planos, mais planos e planos. Deu-se trabalho à Imprensa Nacional Casa da
Moeda.
Criam-se alegadas reformas ao gosto e para alimentar o ego de ministros. Muda o ministro…
Fazem-se
definhar organismos, criam-se outros. Mudam-se os nomes, agrava-se a falta de
recursos humanos, materiais e financeiros na Administração Pública.
Estabelecem-se
programas de apoio financeiro público de centenas de milhões de euros, com
prejuízos privados em centenas de milhares de hectares.
Apoiam-se
organizações do lado da oferta, definha o rendimento silvícola.
Fomentam-se
negócios privados de alegadas certificações ambientais com fundos públicos,
para prejuízos ambientais públicos.
Por fim, em
apelo às energias renováveis, licenciam-se negócios de erradicação das florestas.
Desta
forma, parece que a única estratégia efectiva de reduzir o impacto dos incêndios florestais passa
por ter menos florestas. Mas, atenção, os incêndios rurais continuarão a ter
tendência crescente!
Em todo o
caso, actuar apenas sobre a prevenção e o combate a incêndios rurais, como
parece ser a tónica corrente, não passará de uma estratégia de aplicar
antipiréticos para debelar uma infecção. Não resolve, só mascara surtos febris
(cada vez menos só estivais). Talvez seja mesmo necessário recorrer a
antibióticos!
Paulo
Pimenta de Castro
Presidente
da Direção da Acréscimo, Associação de Promoção ao Investimento Florestal
Sem comentários:
Enviar um comentário