A imperiosa
necessidade de uma gestão ativa dos espaços florestais em Portugal merece
reconhecimento generalizado. Já o reconhecimento de que essa gestão ativa, ou
seja, de que a aplicação de métodos comerciais e de princípios técnicos
florestais na administração das propriedades florestais carece do suporte
financeiro proporcionado pelo negócio, ou pelos vários negócios que se podem
racionalmente desenvolver em tais propriedades (esmagadoramente privadas), parece
ser ignorado ou voluntariamente esquecido por alguns (com destaque para os
decisores políticos).
Assegurado
o negócio ou os negócios nas florestas, integrados este(s) nos princípios da
Economia Verde, ou seja garantido o suporte financeiro para uma gestão
florestal ativa, importa promover o reconhecimento da sua sustentabilidade,
designadamente através de processos voluntários de certificação. Só desta forma
se garante uma melhoria contínua dos métodos comerciais e dos princípios
técnicos florestais, respeitando os mecanismos de sustentabilidade dos
ecossistemas.
Importa
contudo reforçar a sequência: só uma atividade florestal rentável proporciona
uma gestão florestal ativa e desejavelmente sustentável. O declínio progressivo
da atividade florestal tem gerado o subaproveitamento dos espaços florestais e
silvestres, bem como a sua sobre-exploração face à crescente procura,
contribuindo assim para a insustentabilidade dos recursos florestais nacionais.
Em
Portugal, apesar do declínio progressivo da produção florestal, acentuado nas
últimas duas décadas, foi já possível assegurar a certificação da gestão
florestal em várias centenas de milhares de hectares, muito embora parte significativa
destes ocorra em áreas na posse ou geridas pela indústria de pasta e papel.
Este último aspeto reforça, pelo seu próprio interesse de clientes de rolaria
de madeira com baixo nível de autoabastecimento, o papel deste setor
industrial na promoção das mais valias da certificação florestal, não só entre
os demais agentes da economia florestal, mas perante a Sociedade, cliente dos
produtos de base florestal desenvolvidos por esta indústria.
Neste
último domínio, pelo fato da certificação não salvaguardar a impossibilidade de
existência, a todo o tempo, de problemas na sustentabilidade da gestão, como já
ocorreu no passado recente, seria desejável, em particular pela indústria da
fileira do eucalipto, que as empresas criassem mecanismos de acompanhamento
pela Sociedade da gestão florestal praticada em áreas florestais na sua posse
ou sob sua gestão, onde fosse visível o respeito pelos mecanismos de
sustentabilidade dos ecossistemas, designadamente através da realização de
visitas regulares a tais espaços. Concretamente, tais dias de campo ou visitas
abertas poderiam ter início na região do Centro, onde há um crescente domínio do
eucaliptal, retirando também assim ênfase às desconfianças associadas a esta
espécie exótica. Fica o desafio.
Paulo
Pimenta de Castro
Engenheiro Florestal
Presidente da Direção
da Acréscimo – Associação de Promoção ao Investimento Florestal
Ex-Secretário Geral da
Federação dos Produtores Florestais de Portugal
Ex- Presidente da
Direção do Conselho da Fileira Florestal Portuguesa – PEFC Portugal
(texto elaborado ao
abrigo do novo acordo ortográfico)
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