terça-feira, 9 de julho de 2013

A visibilidade da certificação da gestão florestal.

A imperiosa necessidade de uma gestão ativa dos espaços florestais em Portugal merece reconhecimento generalizado. Já o reconhecimento de que essa gestão ativa, ou seja, de que a aplicação de métodos comerciais e de princípios técnicos florestais na administração das propriedades florestais carece do suporte financeiro proporcionado pelo negócio, ou pelos vários negócios que se podem racionalmente desenvolver em tais propriedades (esmagadoramente privadas), parece ser ignorado ou voluntariamente esquecido por alguns (com destaque para os decisores políticos).

Assegurado o negócio ou os negócios nas florestas, integrados este(s) nos princípios da Economia Verde, ou seja garantido o suporte financeiro para uma gestão florestal ativa, importa promover o reconhecimento da sua sustentabilidade, designadamente através de processos voluntários de certificação. Só desta forma se garante uma melhoria contínua dos métodos comerciais e dos princípios técnicos florestais, respeitando os mecanismos de sustentabilidade dos ecossistemas.

Importa contudo reforçar a sequência: só uma atividade florestal rentável proporciona uma gestão florestal ativa e desejavelmente sustentável. O declínio progressivo da atividade florestal tem gerado o subaproveitamento dos espaços florestais e silvestres, bem como a sua sobre-exploração face à crescente procura, contribuindo assim para a insustentabilidade dos recursos florestais nacionais.

Em Portugal, apesar do declínio progressivo da produção florestal, acentuado nas últimas duas décadas, foi já possível assegurar a certificação da gestão florestal em várias centenas de milhares de hectares, muito embora parte significativa destes ocorra em áreas na posse ou geridas pela indústria de pasta e papel. Este último aspeto reforça, pelo seu próprio interesse de clientes de rolaria de madeira com baixo nível de autoabastecimento, o papel deste setor industrial na promoção das mais valias da certificação florestal, não só entre os demais agentes da economia florestal, mas perante a Sociedade, cliente dos produtos de base florestal desenvolvidos por esta indústria.

(foto: Aplicação de lamas industriais em eucaliptal)

Neste último domínio, pelo fato da certificação não salvaguardar a impossibilidade de existência, a todo o tempo, de problemas na sustentabilidade da gestão, como já ocorreu no passado recente, seria desejável, em particular pela indústria da fileira do eucalipto, que as empresas criassem mecanismos de acompanhamento pela Sociedade da gestão florestal praticada em áreas florestais na sua posse ou sob sua gestão, onde fosse visível o respeito pelos mecanismos de sustentabilidade dos ecossistemas, designadamente através da realização de visitas regulares a tais espaços. Concretamente, tais dias de campo ou visitas abertas poderiam ter início na região do Centro, onde há um crescente domínio do eucaliptal, retirando também assim ênfase às desconfianças associadas a esta espécie exótica. Fica o desafio.

­Paulo Pimenta de Castro
Engenheiro Florestal
Presidente da Direção da Acréscimo – Associação de Promoção ao Investimento Florestal
Ex-Secretário Geral da Federação dos Produtores Florestais de Portugal
Ex- Presidente da Direção do Conselho da Fileira Florestal Portuguesa – PEFC Portugal

(texto elaborado ao abrigo do novo acordo ortográfico)


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