terça-feira, 10 de julho de 2012

A importância de uma PARCSI


Face à concentração empresarial existente nas três principais fileiras silvo-industriais, onde assumem especial destaque:

  • O Grupo Sonae, no pinheiro bravo;
  • O Grupo Portucel Soporcel, no eucalipto; e,
  • O Grupo Amorim, no sobreiro.

Importa garantir a transparência dos mercados dos produtos florestais, a par do que já acontece no setor agroalimentar, tendo em vista uma adequada e justa formação dos preços, evitando potenciais fenómenos de cartelização ou uma desajustada supremacia da indústria face à produção florestal. Este é um fator determinante para criar e assegurar expectativas de renda aos proprietários florestais e assim contribuir para o fomento da gestão ativa nas suas explorações.

O absentismo existente na gestão das florestas em Portugal tem de ser estudado em detalhe. Contudo, é possível afirmar que, em grande parte, o mesmo advém das fracas expectativas dos proprietários na capitalização das suas propriedades, em geral de minifúndio e de solos mais pobres, e à fraca ou nula rentabilidade que podem auferir das produções que nelas podem obter, tendo em conta que os preços de venda são determinados por terceiros, pela indústria ou por intermediários.

Importa ainda salientar o elevado risco do investimento florestal, face aos incêndios, às pragas e às doenças, bem como o desajuste do fisco face às características da produção florestal.

Uma política de preços equilibrada, associada a programas de investigação e de extensão florestal, integrados em lógicas de fileira, assegurarão o crescimento do investimento florestal em Portugal, seja em novas arborizações, mas sobretudo na consolidação das atuais florestas, concretamente através da sua gestão, que se quer profissional e sustentável, minimizando os impactos catastróficos dos incêndios florestais e das pragas e doenças.

Se forem criadas expectativas de segurança e de rentabilidade fiável, quer na produção de bens, mas também na prestação de serviços ambientais em áreas florestais, seguramente os proprietários florestais serão os primeiros a adotar uma gestão sustentável nas suas explorações.

Desta forma, deverá o Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAMAOT), considerar a criação de uma plataforma de acompanhamento das relações da cadeia silvo-industrial.


Paulo Pimenta de Castro
Eng. Florestal / Presidente da Direção da Acréscimo
(publicado no Agroportal: http://www.agroportal.pt/a/2012/pcastro3.htm)

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